O Grupo Parlamentar da UNITA votou contra o Relatório de Execução do Orçamento Geral do Estado (OGE) referente ao primeiro trimestre de 2025, alegando que a execução orçamental continua severamente comprometida pelo peso do serviço da dívida pública, que absorveu quase 50% da despesa total no período analisado.
Segundo a declaração de voto lida pela deputada Anabela Sapalalo, o relatório evidencia uma grave limitação do espaço fiscal para investimentos em áreas sociais e económicas essenciais. “Sobra muito pouco espaço para programas sociais e económicos absolutamente necessários para fazer a economia angolana crescer de forma robusta e compatível com o crescimento populacional”, afirmou.
A UNITA critica duramente a qualidade do endividamento público, apontando que a dívida contraída não resultou em melhorias significativas na infraestrutura rodoviária, distribuição de energia, educação, saúde, segurança alimentar ou industrialização do país. “A dívida penetrou os ductos putrefactos da corrupção sistémica”, sublinhou Sapalalo, referindo que, apesar do aumento da produção de energia, a distribuição continua deficiente, com capacidade instalada ociosa.
O grupo parlamentar alerta ainda que a contínua dependência do petróleo torna a economia nacional vulnerável às flutuações do mercado global. “O país continua fortemente dependente do petróleo, o que nos torna reféns de uma conjuntura internacional cada vez mais instável”, destacou.
Na visão da UNITA, o executivo deve encontrar soluções concretas para inverter este cenário, começando pela melhoria na arrecadação de receitas e pela diversificação efectiva da economia. “O discurso da transformação da estrutura económica de Angola não pode continuar a esgotar-se na retórica, mas deve traduzir-se em reformas práticas e estruturais”, concluiu a deputada.