O Presidente da República, João Lourenço, manifestou, sexta-feira, em Brasília, interesse em ter empresas brasileiras nos esforços de desenvolvimento da economia nacional.
Ao discursar momentos após a assinatura de quatro instrumentos jurídicos entre Angola e o Brasil, João Lourenço destacou que “quer ver investimento privado brasileiro em Angola e investimento privado angolano no Brasil, mas queremos também que empresas brasileiras continuem a participar no esforço de recuperação e de construção de raiz de infra-estruturas públicas, a exemplo do que já aconteceu num passado recente”.
O Chefe de Estado reconheceu que Angola ainda tem muito por construir em termos de estradas, autoestradas, portos e caminhos-de-ferro, aeroportos, infra-estruturas energia e de produção e distribuição de água e que gostaria de contar com os empresários brasileiros na execução dessas empreitadas.
Linha de financiamento
Uma das condições, disse, é que o Brasil volte a abrir uma linha de financiamento para a cobertura do crédito à exportação. Segundo o Presidente João Lourenço, esse processo está a ser tratado e acredita que vai acontecer no interesse de ambos os países.
João Lourenço considerou muito proveitosas as conversações entre as delegações de Angola e do Brasil no momento que antecedeu à assinatura dos quatro instrumentos jurídicos, sublinhando que os entendimentos alcançados serão implementados e vão, sem sombra de dúvidas, reforçar ainda mais os muito bons laços entre os dois países.
Da parte angolana participaram no encontro os ministros das Relações Exteriores, Téte António, das Finanças, Vera Daves de Sousa, dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, da Educação, Luísa Grilo, da Saúde, Sílvia Lutucuta, da Energia e Águas, João Baptista Borges, e o presidente do Conselho de Administração da Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações (AIPEX) de Angola, Arlindo das Chagas Rangel.
O Presidente angolano reportou como muito importante a visita de Estado que cumpre desde a tarde de quinta-feira ao Brasil, em resposta a um convite do homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. A intensa troca de visitas das delegações de Angola para o Brasil e do Brasil para Angola, para constatação de oportunidades de investimento, foi igualmente destacada pelo estadista angolano.
Reforço da cooperação
O Presidente João Lourenço manifestou, na véspera, o interesse de reforçar os laços de amizade e cooperação económica com o Brasil durante os primeiros encontros mantidos no início da visita de Estado àquele país.
As primeiras actividades do estadista angolano em Brasília consistiram em reuniões separadas com o presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre; o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta; e com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso.
João Lourenço disse que Angola conta com o Brasil e o seu desenvolvimento tecnológico na Agricultura, Ciência,Saúde e Indústria. “A diversificação da economia é uma aposta do Governo angolano, para a qual também se pretende contar com a ajuda do Brasil, que, embora tenha petróleo, como nós temos, sempre cuidou de desenvolver outros ramos da sua economia”, referiu o Presidente angolano.
Segundo o Chefe de Estado, Angola deve seguir esse caminho, pois não se pode continuar a contar apenas com as receitas do petróleo. João Lourenço disse que o petróleo é uma commodity cujos preços não dependem dos produtores, mas de outros factores, e oscilam bastante. “As economias só são fortes quando conseguem ter diferentes ramos bastante desenvolvidos. É o que nós pretendemos fazer”, disse.
O Chefe de Estado angolano destacou, igualmente, o potencial do Brasil no domínio da agricultura e agropecuária. “É praticamente uma potência em termos de produção e exportação de produtos do campo”, referiu.
O Estadista angolano reforçou que no momento em que o mundo atravessa uma crise alimentar e energética, Angola e o Brasil podem contribuir para minimizar esta carência de alimentos. “Precisamos aprender com o Brasil. Temos o potencial, mas não o capital necessário para rivalizarmos com o Brasil”, disse João Lourenço, ressaltando outros domínios como o da Ciência, formação de quadros e Defesa, sobretudo pelo facto de os dois países partilharem o mesmo oceano.
O Presidente João Lourenço recordou as afinidades da língua, da cultura, da história, do cruzamento de povos africanos e, particularmente, angolanos, e o facto de o Brasil ter sido o primeiro país do mundo a reconhecer a Independência de Angola.
O Presidente angolano disse que as relações entre os dois países são feitas, em primeiro lugar, pelos respectivos povos, mas também pelos diferentes poderes de cada país, não apenas pelos executivos, mas também pelo legislativo, o judicial e pelos homens de negócios. “É com toda esta diversidade de actores que nós construímos a nossa relação de amizade e de cooperação”, destacou.
João Lourenço justificou a missão de Estado ao Brasil com a reciprocidade da visita que o Presidente Lula da Silva efectuou a Angola e com a necessidade de se reforçar ainda mais as já muito boas relações de amizade e cooperação existentes.