A reconciliação nacional é mais notória a nível das das Forças Armadas Angolanas (FAA), depois da fusão ex- FAPLA (Forças do Governo) e FALA (exército da UNITA), em relação aos políticos que continuam a promover ódio para minar a boa convivência entre os angolanos.

Para alguns analistas políticos, as FAA é “bom exemplo” da reconciliação nacional em Angola por terem esquecido “absolutamente o caminho tortuoso” do conflito armado que dilacerou o país durante muitos anos.

“Os políticos angolanos estão longe da reconciliação nacional. Hoje vemos militares mais solidários”, disse a este jornal, o professor universitário António Calda Sardinha.

Segundo ele, em Angola, a reconciliação nacional, objetivo definido pelas autoridades logo após o conflito armado, em 2002, é um processo encalhado. 

“Com a assinatura do Memorando de Entendimento Complementar do Luena abriam-se novas e melhores expectativas para os angolanos, em todos os domínios, contrastadas com a realidade vigente, no país. Há mais paz entre militares do que civis”, observou.

Na opinião do analista político Cabral Azevedo Nteca, os políticos devem abandonar a linguagem de ódio, da intolerância e da diabolização de quem pensa diferente.

“Os políticos devem servir os cidadãos, não servirem-se deles. Devem promover a paz”, acrescentou frisando que os políticos devem pautar pelo diálogo na solução dos problemas que afligem os cidadãos.

Segundo ele, o alcance de paz em Angola deve ser visto como um modelo.

“A forma como se operou surpreendeu a comunidade internacional. Portanto devemos estar unidos “, disse salientando que os acordo de paz foi o documento jurídico-político assinado entre o Governo de Angola e a UNITA.

O Memorando de Entendimento do Luena, foi assinado a 30 de Março de 2002, entre as chefias militares do governo (MPLA) e da UNITA, dias depois da morte em combate a 22 de Fevereiro de 2002, do Presidente Fundador da UNITA, após uma ofensiva impiedosa dirigida pelo governo contra a UNITA e seu líder, na sequência do fracasso dos Acordos de Bicesse em1991, entre o Governo (MPLA) e  a UNITA, na pessoa dos seus mais altos mandatários, respectivamente, José Eduardo dos Santos e Jonas Malheiro Savimbi, como consta de manuais de História.

As esperanças do povo viram-se goradas (frustradas), quando nos finais do ano de 1992 o país voltava a cair noutra guerra sangrenta que ceifava vidas, destruía bens e consumia grande parte dos recursos e energias do país. A guerra generalizou-se a todo o país, desenvolveram-se esforços políticos e diplomáticos para parar a guerra, porém sem êxitos.

Com a morte de Jonas Savimbi em combate a 22 de Fevereiro de 2002, inúmeros passos foram dados nas semanas que se seguiram à sua morte. Um cessar-fogo entrou em vigor à meia-noite do dia 13 de Março, fazendo parte dum plano de quinze pontos elaborados pelo governo para preservar a paz.

O plano tratou de questões como a desmilitarização da UNITA e a sua reestruturação num partido político reconhecido e legítimo, uma amnistia geral a fim de promover a reconciliação nacional, a reposição da administração do Estado em todo o território, a aprovação duma nova Constituição, a elaboração de um registo eleitoral antes de realizar eleições e a promoção da tolerância e do perdão.

As partes beligerantes assinaram o Memorandum de Entendimento. Este foi assinado no dia 30 de Março de 2002, no Luena, província do Moxico, entre as chefias militares. Foram figuras de destaque: General Nunda da parte do Governo e General Abreu “Kamorteiro” da parte da UNITA.

Alguns dias depois assinou-se o Memorandum Complementar ao Protocolo de Lusaka. A Cerimónia de assinatura realizou-se no Palácio dos Congressos no dia 4 de Abril de 2002, em Luanda e assinado pelas chefias militares nomeadamente: General Armando da Cruz Neto, então chefe do Estado-Maior das FAA e General Abreu “Kamorteiro”, chefe do Estado-Maior da UNITA.

O dia 4 de 2002 é lembrado na História de Angola como o dia da Paz, pois nesse dia foi assinado o Memorando de Entendimento Complementar ao Protocolo de Lusaka, pondo-se assim fim a cerca de 41 anos de guerra em Angola.

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