“Mamã, vamos morrer! Bandidos, bandidos!”, gritavam as crianças, dos quatro aos sete anos, enquanto cinco indivíduos, todos armados com AKs, cercaram a casa. Aos gritos ameaçavam arrombar o portão metálico de residência da família Garcia, às 4h00 da manhã de 16 de Janeiro, na Rua 4, do Zango 0, na nóvel província do Icolo e Bengo.
Trata-se de uma operação realizada por operativos do SIC, devidamente identificados, sem mandado de captura contra a residência de um oficial superior do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME), o intendente de migração, Sebastião Daniel Garcia, que se encontrava ausente.
Vídeos obtidos por câmaras de vigilância mostram os agentes do SIC, com os seus coletes de identificação e a viatura Toyota Land-Cruiser, branca de vidros fumados, que os transportava. No interior desta permaneceram alguns agentes que participaram da operação.
Segundo depoimentos da esposa do oficial do SME, Patrícia Garcia, os agentes do SIC ameaçaram de morte a família caso não abrissem o portão, tendo causado pânico, medo e traumatizado três das cinco crianças (duas são bebés de sete e oito meses). “Vamos vos avançar!”, gritavam os agentes. O quintal tem muros bastante altos e a parte residencial, rês-do-chão e primeiro andar também tem portão de acesso ao quintal.
Temerosa, Patrícia Garcia abriu o portão e explicou que o marido não se encontrava em casa e os agentes do SIC bateram em retirada, sem ter exibido qualquer mandado de busca e captura ou apresentado razões plausíveis para o acto. Simplesmente deixaram transparecer que tinham o marido como alvo.
O intendente de migração Sebastião Daniel Garcia, apresentou-se ao SIC local para saber do motivo da operação contra a sua pessoa e, segundo documentos legais a que tivemos acesso, apenas o informaram que estavam à procura de um suposto delinquente.