A chegada, hoje, a Luanda, do Presidente Joe Biden, vai assinalar o virar de uma página importante nas relações entre Angola e os EUA, destacou, ontem, em Luanda, o especialista em Relações Internacionais Almeida Henriques.Em declarações ao Jornal de Angola, no âmbito da visita de Estado do Presidente Joe Biden ao país, o comentador de Política Internacional anteviu uma jornada de trabalho do estadista norte-americano, em Luanda e no Lobito, numa agenda preenchida de grandes expectativas.

“Estamos a dizer que será a primeira viagem de um Presidente norte-americano a Angola e, também, tendo em conta as últimas semanas que se aproximam da passagem de pastas ao novo Presidente dos EUA, esta visita reveste-se de uma grande importância estratégica”, referiu o também professor da Escola Nacional de Guerra.

Almeida Henriques considera Joe Biden dos Presidentes que mais investiu nas relações comerciais com Angola, destacando a importância de os EUA terem reconhecido a democracia progressiva do país, que nasceu em 1992, do ponto de vista da lei, precisamente em 1991.“Estamos a falar dos acordos de Bicesse em Portugal, que facilitou significativamente a mudança da estratégia política americana para com Angola, desde a vigência do democrata Bill Clinton, com os Estados Unidos a reconhecerem Angola, enquanto Estado soberano”, acrescentou.

A partir daquela altura, prosseguiu o especialista em Geopolítica Internacional, as relações entre os dois países começaram a estabelecer-se, não apenas no âmbito económico, porque a cooperação já remonta há quase 70 anos, sendo que empresas petrolíferas americanas sempre operaram em Angola, muito antes da Independência.

“Mas estes elementos todos apresentaram uma retrospectiva histórica, porque, de facto, a perspectiva entre os Estados não eram boas até 1993, por uma razão muito simples: Angola parte para um processo de luta para a sua autodeterminação, buscando actores que na altura convinham, porque correspondiam aos anseios de vários Estados africanos que lutavam pela sua autodeterminação”, observou.

Almeida Henriques citou, como exemplo, o Bloco do Leste, que se mostrou, na altura, favorável às lutas de Independência no continente africano, independentemente de, nos Estados Unidos, algumas figuras estarem, também, a favor da autodeterminação dos povos, mas de forma muito tímida, porque a América suspeitava e receava do seu principal oponente ideológico, que era a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).A ex-URSS, explicou, procurava expandir a sua doutrina, o seu ideal, senão mesmo a ideologia comunista, enquanto os Estados Unidos faziam o vai e vem em tentar manter relações pacíficas e políticas com determinados Estados africanos e, obviamente, com Angola.

“Mas, com a queda do Muro de Berlim,em 1989/1991, Angola já não encontrava razões de ter limitações na sua política externa, passando a estabelecer relações com todos os países do mundo, e até hoje o quadro vem sendo cada vez melhorado”, esclareceu.

Relações estratégicas

As relações estratégicas entre os EUA e Angola, de acordo com o especialista em Política Internacional, surgem na vigência do Presidente João Lourenço, que se apresentou “com uma visão mais atractiva, inclusiva e não escolhe a nação, excepto àquelas que não respeitam aquilo que é a nossa soberania”.

“Mas, com ele (João Lourenço), as relações entre Angola e os Estados Unidos são estratégicas e têm vindo a progredir significativamente”, assegurou o comentador, sublinhando que os principais sectores, nesta parceria, resumem-se à agro- indústria, tendo considerado o espaço mais alto no processo de relações comerciais assente no estratégico Corredor do Lobito.

Partilhe Agora

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *