Depois de ter sido aprovado por unanimidade (182 votos), no final do mês passado, a lei contra os crimes de vandalismo de bens e serviços públicos parece estar a destapar os promotores desta prática lesiva à sociedade.

Dito Dali, um insurrecto que se instalou na casa das leis atrelado à UNITA, vê perigo na norma que prevê 15 anos de cadeia para os promotores de vandalismo, já que, para os casos mais graves, é atribuído aos autores materiais uma pena máxima de 25 anos.

Se, na discussão na generalidade, a UNITA proclamou-se defensora acérrima da proposta de lei que pretende inibir a destruição dos bens públicos, na discussão global desta quinta-feira (18 de Julho), o partido com uma folha de serviços de um rastro de destruição de pontes, de infra-estruturas eléctricas, aeroportuárias, ferroviárias, portuárias e de patrocínio a acções de lumpenato, não optaria por incoerência histórica: enfiou a cabeça na areia (absteve-se), ficando-se por se saber se por efeito de narcóticos ou de lucidez momentânea havia votado a favor da proposta na generalidade.

 Como referiu o seu deputado Dito Dali, a proposta é certamente considerada “presente envenenado” pelos maninhos e corja, por entenderem que uma das suas armas de luta política estaria banida pela lei.

Só um politicamente ingênuo pode descartar a hipótese de a UNITA estar por detrás da onda de vandalismo que deixou cidades inteiras sem energia eléctrica, sem água e com o comboio paralisado, causando um prejuízo de 700 mil milhões de kwanzas, só no último ano.

Os insucessos das políticas públicas do Governo são um verdadeiro trunfo para a nossa oposição assassina, que gostaria de continuar a ver as cidades às escuras e tudo a funcionar à moda da Idade Média.

Não se pode esperar que a UNITA apoie a construção de estradas, de hospitais, de aeroportos e de outras infra-estruturas públicas, uma vez que, na sua mente tacanha, estes investimentos aumentam o apoio ao MPLA e reduzem a simpatia à oposição que nada mais tem a oferecer do que simples paleio.

Aliás, não é por caso que o partido do galo negro sempre chumbou todas as propostas do OGE, mas aprovou todas as medidas tendentes a atribuir benesses aos deputados de que eles são parte.

Quem não se lembra dos distúrbios, do funesto dia 10 de Janeiro de 2022, em que foram alvos preferenciais autocarros hospitalares, com doentes a bordo, o comitê do MPLA do Benfica, incluindo bens privados, sob mando da UNITA, a coberto de uma manifestação?  

Os angolanos devem juntar-se contra as manobras da UNITA que já está a mobilizar apoios para impedir que a proposta de lei se transforme em instrumento eficaz de combate aos crimes contra o património de todos nós. Afinal, ninguém se esquece de uma prática que faz parte do seu DNA. 

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