Moradores do Distrito da Estalagem, no município de Viana, arriscam as suas vidas atravessando a (EN 230), também conhecida como Avenida Deolinda Rodrigues ou ainda Estrada de Catete, à procura de água potável, situação que já perdura há vários anos. sob olhar impávido de quem governa.
POR: A JUSTIÇA
A nossa fonte, acompanhou o exercício destes populares, que começa logo pelas primeiras horas da manhã, envolvendo mulheres, homens e crianças que carregam bidão e bacias na cabeça.
De grosso modo, a maior parte dos jovens saem dos bairros do Maka, Zé Maria e Pracinha, onde a escassez de água é acentuada. Sem alternativa submetem-se a sérios riscos na EN-230, isto nas imediações da Coca-Cola, entre as Bombas de combustível e a Moagem Kwaba, a fim de acarretarem o precioso líquido nas ruas da Katchavala e 11.
Os munícipes contam que correrem estes riscos porque nas suas zonas residências, para além da carência de água, onde há tanques para venda do líquido, o preço de um bidão de 25 litros chega a custar 8 vezes mais do que o preço praticado do outro lado do asfalto.
Aí, contam, os altos preços são justificados pela escassez de água e a compra de camiões-cisterna que os proprietários adquirem entre 23 mil e 35 mil Kwanzas, dependendo do tamanho do tanque.
“Na minha rua um bidão de água custa 150 Kwanzas, há senhoras que vendem 120 é muito caro, do outro lado, na rua Katchavala, compramos um bidão a 20 kwanzas”, comparou Dina, para quem este motivo é bastante suficiente para fazer atravessia em busca de água.
Jusseano Pedro, trabalha num estabelecimento comercial, durante as manhãs tem de carregar 20 bidões de água de 25 litros, reconheceu que o risco exposto é maior, “mas a minha patroa não vê outra opção”.
Trabalho num bar onde confeccionam alimentos, no período da manhã tenho que carregar entre 15 e 20 bidões de 25 litros, para além de ser cansativo, tem sido um risco enorme, mas o que interessa no meu trabalho não é a vida do funcionário, é água”, atirou.
Uma comerciante de água disse que para retirar o lucro da compra de uma cisterna, tem que vender a um preço alto, porque só para encher o tanque de 10 mil litros, gasta 22 mil Kwanzas.
“O meu dinheiro só sai se eu comercializar um bidão a 150 ou no mínimo 120 Kwanzas”, contou, tendo acrescentado que abaixo dos preços referidos, não conseguiria retirar o dinheiro investido, muito menos o lucro, por outra disse ainda que há camiões-cisterna que chegam a custar ainda mais caros.
Yara Carla apelou aos governantes, Sobretudo o Governo da Província de Luanda, a minimizar os problemas daquela população principalmente no que diz respeito ao abastecimento de água potável.
“Não se consegue perceber, como um governo em pleno século XXI ainda age deste jeito, mas será normal nesta época ter pessoas que arriscam vidas atravessando avenidas com bacias na cabeca?” questionou um morador, para quem à Administraçao Distrital da Estalagem que está a escassos metros da zona, é apenas um enfeite e nada serve a população.
“Olhem por essa gente, são pessoas e não animais, se um animal é valorizado e nós como pessoa não somos? peço ao senhor
governador Manuel Homem que venha resolver esse problema”, suplicou.
Diante dessa situação, segundo os moradores, muitos são os casos de atropelamentos, e alguns terminam em morte.
DIIP DESMANTELA FOCO DE VENDA DE ÁGUA
O Porta-voz do Departamento de Investigação de Ilícitos Penais (DIIP), órgão afecto à Polícia Nacional, Intendente Quintino Ferreira, esclareceu que recentemente, no distrito da Estalagem, foram detidos dois “indivíduos” por vandalização de bens públicos, que desviaram a conduta do único chafariz que abastecia a zona, colocado na rua do antigo mercado da Estalagem, bairro da Madeira”.
Segundo o oficial, depois de desviarem a conduta de água, os detidos, com ajuda de cinco moto-bombas, abasteciam camiões que iam vender água noutras zonas e na própria população.
“E a população local é obrigada a acarretar o precioso líquido no bairro da Moagem, onde muita gente perde a vida devido a atropelamentos”, explicou.