Sete ex-trabalhadores da Sociedade Mineira de Catoca, em representação de um grupo de 143 antigos funcionários, acusam a empresa de descartar-se das responsabilidades sociais após mais de 16 anos de serviço nas minas.

A empresa, responsável por mais de 75% da produção de diamantes de Angola, foi recentemente distinguida no Parlamento Britânico com o Prémio de Responsabilidade Social Corporativa e Desenvolvimento Comunitário em África, atribuído pela African Leadership Magazine a 10 de Julho de 2025.

Enquanto antigos trabalhadores, denunciam abandonos depois destes terem contraídos doenças nas minas de Catoca.

Muitos dos afectados contraíram doenças crónicas durante a actividade laboral e, segundo os próprios, foram “mandados” para casa com indemnizações limitadas, estando actualmente em situação de abandono.

Dos 143 trabalhadores identificados, 43 já morreram em consequência de patologias que, alegam, foram adquiridas nas minas, como doenças pulmonares, lombalgias e problemas graves na coluna vertebral, associados ao contacto prolongado com poeiras, ruídos intensos das máquinas e acidentes de trabalho.

“Demos a nossa juventude, o nosso sangue, por mais de 16 anos de serviço nas minas de Catoca. Hoje já não servimos. Afinal onde é que contraímos estas doenças? Queremos ser devidamente indemnizados. Temos família, e os falecidos deixaram viúvas e filhos”, declarou um dos representantes.

Segundo os trabalhadores, em 2012 a empresa elaborou uma lista interna que reconhecia o estado clínico de vários funcionários com doenças crónicas. Ainda assim, afirmam que foram despedidos com compensações limitadas apenas ao tempo de serviço.

Muitos recorreram aos tribunais, nomeadamente à 2ª Secção da Sala do Cível, mas os processos encontram-se paralisados. Entre os casos citados estão os processos nº 34/2023-A, nº 17/92/11-B, nº 19/23/12, nº 12/46/24-W e nº 603/-A/2023, pertencentes a diferentes ex-funcionários. Alguns advogados abandonaram os casos sem explicações, de acordo com os queixosos.

Os antigos trabalhadores pedem a intervenção do ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino de Azevedo, para garantir assistência médica e medicamentosa, bem como indemnizações proporcionais à gravidade das doenças contraídas.

“Não queremos morrer. Não temos condições de continuar a medicação por falta de recursos”, apelam.

A denúncia surge no mesmo período em que a Sociedade Mineira de Catoca celebra os seus 30 anos de existência, com investimentos avaliados em cerca de meio milhão de dólares em festividades.

O Repórter Angola, contactou Mario Domingos, director para Comunicação Institucional da empresa acusada, que não quis comentar sobre o assunto.

“Estas informações estão completamente desprovidas de verdade”, mas no entretanto prometeu que ima colega iria contactar a nossa redação para esclarecimentos dos factos, há pelo menos uma semana, que até ao fecho desta matéria. não esclareceu.

O diretor de Catoca, Benedito Damião, afirmou na ocasião que o prémio “reforça a convicção de que a empresa está no caminho certo”, destacando as ações em sustentabilidade social, económica e ambiental que, segundo ele, têm impacto significativo na vida de milhares de famílias.

A Sociedade Mineira de Catoca é uma empresa angolana que opera na província da Lunda Sul, sendo a maior empresa no subsector diamantífero em Angola. A empresa é responsável pela extracção de mais de 75% dos diamantes angolanos e está localizada a cerca de 35 km da cidade de Saurimo. A Sociedade Mineira de Catoca, Lda., foi criada por iniciativa do Governo angolano e parceiros para desenvolver o maior kimberlito do país, com mais de 6.000 empregos diretos e indiretos. Além disso, é acusada de maus tratos e trabalho escravo pelos trabalhadores que denunciam violação da Lei Geral de Trabalho.

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