Os funcionários afectos à Rádio Nacional de Angola (RNA) vão ter as condições de trabalho melhoradas nos próximos tempos, sobretudo ao nível dos equipamentos técnicos indispensáveis para uma melhor emissão do sinal.
Depois de visitar, ontem, de forma demorada, as instalações da RNA e não ter gostado de ver as condições de trabalho colocadas à disposição dos trabalhadores daquele órgão de comunicação social público, o Presidente da República, João Lourenço, convocou um encontro no seu gabinete, com a presença do ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Oliveira, do presidente do Conselho de Administração da Rádio Nacional de Angola, Pedro Neto, e de alguns membros do Executivo.
No final deste encontro, o Presidente João Lourenço orientou, com carácter de urgência, a reabilitação daquele edifício e a melhoria das condições de trabalho dos profissionais da RNA.
Uma nota emitida pelo Serviço de Apoio ao Presidente da República, no final do dia, dá conta que o alto nível de degradação daquele edifício é que fez soar o alarme para esta intervenção urgente. “O Presidente João Lourenço não gostou do que viu”, lê-se no documento.
A deslocação do Presidente da República às instalações da RNA, para se inteirar das actuais condições de trabalho dos profissionais, resultou dos pedidos feitos pelos jornalistas Afonso Quintas, Carla Castro e do próprio presidente do Conselho de Administração, durante o momento das suas condecorações, no âmbito dos 50 anos da Independência Nacional.
“Atingimos o objectivo, que foi pedir a Sua Excelência Senhor Presidente da República para visitar a Rádio Nacional de Angola e ver o estado em que se encontra, principalmente as dificuldades que temos em termos de equipamento de trabalho e de mobilidade para as equipas.
Estamos muito satisfeitos”, desabafou Pedro Neto. “Há muitas coisas que, às vezes, só andam quando a figura mais alta da Nação intervém”, acrescentou a jornalista Carla Castro. Para Afonso Quintas, a visita de João Lourenço à RNA foi uma vitória de todos os trabalhadores. “Foi bom ver que o Presidente da República não se esqueceu do pedido que lhe fiz”, destacou.
Entre os vários problemas com os quais a Rádio Nacional se bate, neste momento, destacam-se a existência de poucos meios de transporte, inexistência de material técnico compatível com os desafios actuais, a falta de remodelação dos estúdios, a limitação do sinal e do acesso às novas tecnologias.
“Quando há boas condições de trabalho, as pessoas podem até ganhar pouco, não de acordo com a sua expectativa, mas as condições de trabalho vão fazer com que as pessoas estejam motivadas e produzam”, aflorou o director de informação da RNA, António Capapa.
Vânia Varela, uma das jornalistas daquela casa de rádio, avançou que a inexistência dessas condições tem obrigado os profissionais a desdobrar-se como podem, para levar a informação aos ouvintes. “Precisamos de meios para fazer bem o nosso trabalho. Não que não estejamos a fazer bem, mas fazemos com algumas dificuldades”, disse a jornalista, que vaticinou um bom desfecho da visita do Presidente da República à RNA. “Para nós, foi uma visita de esperança, que acreditamos irá trazer bons ventos para empresa, pois casa visitada pelo pai é uma casa abençoada”, ressaltou.
No mesmo diapasão, alinhou o também jornalista Isaías Afonso, para quem esta deslocação do Chefe de Estado às instalações da Rádio Nacional ajudou a perceber ainda mais a importância do órgão no processo de informação dos cidadãos.
Felisbela Wegia, que destacou o facto de a visita do Presidente da República ter acontecido na mesma altura em que o país se prepara para festejar os 50 anos da Independência Nacional, disse que esta era muito aguardada pelos profissionais da casa de rádio. “Foi uma mais-valia, na medida em que pensamos que a visita permitiu ao Presidente da República ver em que condições trabalhamos”, salientou. Domingos Francisco “Tio Mingo”, um veterano da Central Técnica de Programa (CTP), em que passam todos os sinais da Rádio Nacional, louvou a decisão do Presidente da República.
A Rádio Nacional de Angola não recebia a visita de um Presidente da República há 48 anos. A última foi realizada a 5 de Outubro de 1977 pelo Fundador da Nação, António Agostinho Neto.
“Foi um dia histórico para a comunicação social angolana”
O ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social considerou a deslocação do Chefe de Estado à RNA histórica e muito importante para a classe jornalística angolana.
Ao fazer o balanço da visita, ainda na RNA, Mário Oliveira disse que esta acontece numa altura em que se estão a desenvolver acções para se dar início ao que chamou de um grande projecto para a modernização e expansão da Rádio Nacional de Angola. “A grande importância dessa visita tem a ver, também, com esse momento, as condições precedentes estão praticamente prontas para nós iniciarmos esse grande projecto”, assegurou o ministro.
Questionado sobre como estão a andar as negociações entre os conselhos de administração das empresas públicas de comunicação social e o Sindicato dos Jornalistas, acerca do aumento salarial, Mário Oliveira adiantou que estas continuam a decorrer.
“As negociações vão acabar quando as entidades se entenderem e porque o que está em jogo aqui é o país. Não há egos pessoais, não há nada. Há uma Angola para construir e as negociações têm como base essa Angola para construir”, acentuou o ministro Mário Oliveira.