O ministro da Agricultura e Florestas aconselhou, ontem, no município de Ombadja, província do Cunene, a população residente ao longo do Canal do Cafu a tirar maior aproveitamento da infra-estrutura, para a produção de alimentos e melhorar cada vez mais o sustento das famílias da região.
Isaac dos Anjos referiu, no acto de lançamento da primeira fase do loteamento de terrenos localizados ao longo dos 165 quilómetros do Canal do Cafu, que com a conclusão dos trabalhos do projecto do Cafu, segue-se agora o processo de ordenamento dos lotes e sua numeração, para, de forma organizada, os produtores aumentarem o cultivo de bens alimentares locais.
Para o ministro da Agricultura e Florestas, não se pode ficar com um “gigante hídrico” sem produzir nada, por isso recomendou à população local a tirar o máximo aproveitamento dos terrenos à volta do Canal.
“O reforço da produção de cereais com realce para o massango, massambala e milho deve ser uma realidade na região. O Executivo angolano construiu estes projectos estruturantes de Combate aos Efeitos da seca no Sul de Angola com este propósito. É uma forma imediata de diversificar a produção e melhorar cada vez mais o sustento das famílias da região”, disse.
A construção do Canal do Cafu, afirmou, visa, ainda, garantir melhor resposta local no tocante à carência alimentar da população, causada pela insuficiência de chuvas nos últimos anos. “Daí a necessidade de se traçar métodos eficazes para que as comunidades possam produzir nas duas margens do projecto”.
O ministro disse que o objectivo do loteamento não é retirar terras ou lavras às famílias camponesas com espaços ao longo do canal, mas sim criar vias que permitam a colocação de tubagem para a distribuição de água aos produtores mais distantes do canal.
O PROJECTO
No total, são 1.200 hectares de terra a ser loteados nas duas margens do canal do Cafu, com dimensão de 25 hectares para cada produtor. “Não há expropriação de terreno da comunidade. Trata-se de um processo que visa organizar o espaço local e garantir maior segurança das propriedades, por meio da atribuição do título de propriedade definitivo, que assegura a sua legalidade e possibilita aceder ao crédito bancário”, explicou.
O governante recordou que o Canal do Cafu dispõe de água em abundância, um potencial que deve ser aproveitado para a prática agrícola, de modo a que a província do Cunene ganhe a sua auto-sustentabilidade em termos alimentares e reverta a situação da fome, que afecta de forma consecutiva a região, devido às irregularidades das chuvas.
A infra-estrutura, lembrou, foi concebida para abastecer a população e o gado, mas tem outra componente que é a de irrigar terras produtivas à volta, ajudando as comunidades a deixarem de depender das chuvas para produzirem e diversificarem o cultivo. O ministro disse que a par do loteamento de terras, verificou-se com agrado os resultados obtidos em nível das Escolas de Campo (ECA) instalados ao longo do canal, com a plantação de diversos produtos, como cana-de-açúcar, hortícolas, cereais e tubérculos em grandes quantidades.
“É necessário, agora, os produtores fomentar a actividade, mediante expansão das áreas de produção, assim como elevar os conhecimentos obtidos nas Escolas de Campo, no sentido de acelerar o trabalho e garantir o rendimento alimentar das famílias, assim como fomentar o auto-emprego nas comunidades”, referiu.
MAIS APOIOS
A governadora do Cunene reiterou a importância de se prestar mais apoio às iniciativas dos produtores locais, com sementes, sobretudo para o cultivo de tomate, para estes poderem optar pela produção em grande escala.
Gerdina Didalelwa realçou que o Projecto Cafu, além de disponibilizar água para o consumo da população e do gado, está também a permitir o fomento da actividade produtiva, assim como o surgimento de pequenas iniciativas que estão a transformar as zonas antes fechadas em espaços verdejantes e com culturas alimentares.
A visita do ministro da Agricultura e Florestas ao Cunene serviu, ainda, para governadora apresentar o estado de execução de outros projectos estruturantes de combate à seca no Sul do país, com realce para a construção das barragens do Ndue e Calucuve, no município do Cuvelai.