A Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, sublinhou, ontem, em Luanda, que as mulheres desempenharam um papel fundamental na luta pela justiça, paz e Independência Nacional. Ana Dias Lourenço, que discursava no colóquio subordinado ao tema “O papel da Mulher na Luta pela Independência Nacional”, disse que a participação das mulheres foi decisiva para a conquista da soberania nacional .
“Elas actuaram como combatentes, organizadoras, mobilizadoras e sustentaram as famílias enquanto os homens estavam na Luta Armada. A sua resiliência e coragem foram determinantes para a libertação do nosso país”, afirmou.
Numa curta incursão sobre as conquistas das mulheres nos últimos 50 anos, a Primeira-Dama da República ressaltou avanços como a implementação de políticas públicas para a igualdade de género, o aumento da participação feminina na política e nos espaços de decisão, além da criação de leis de protecção contra a violência doméstica e de promoção dos direitos das mulheres.
Apesar dos progressos, Ana Dias Lourenço reconhece existirem desafios a superar, como a persistência das desigualdades económicas e sociais e a luta contra a violência de género.
Na ocasião, a Primeira –Dama recordou o papel de figuras heroicas como a Rainha Njinga Mbande, símbolo de resistência contra o colonialismo português, e de combatentes como Deolinda Rodrigues, Irene Cohen, Lucrécia Paim, Maria Mambo Café e tantas outras que enfrentaram adversidades e deram a própria vida pela Independência de Angola.
Lembrou, também, que o papel dessas mulheres foi fundamental nas frentes de combate, contribuindo para a mobilização e criação de redes de apoio.
“Apesar de a maioria dos líderes da Luta de Libertação serem homens, algumas dessas mulheres chegaram à posição de destaque dentro das organizações em que desempenhavam as funções. Elas foram importantes tanto na Luta Armada, quanto na construção de um movimento de emancipação das mulheres angolanas”, lembrou.
Empoderamento feminino
A Primeira-Dama da República, que deu uma aula magna sobre “As conquistas da Mulher angolana nos 50 anos da Independência”, assinalou a importância do empoderamento feminino para o desenvolvimento sustentável do país, frisando que a autonomia das mulheres não se limita ao empreendedorismo ou à ocupação de cargos de destaque, mas, sobretudo, no acesso à Educação, Saúde e à participação activa em todas as esferas da sociedade.
Para Ana Dias Lourenço, empoderar uma mulher é garantir que ela tenha as mesmas oportunidades que um homem, que possa sonhar e realizar-se sem as barreiras impostas pelo género.
Ao encerrar a aula magna, a Primeira-Dama destacou que a luta da mulher não terminou com a Independência, a presença activa das mulheres continua a ser essencial para a consolidação de uma Angola mais justa e equitativa.
“Celebramos as conquistas, mas reafirmamos o nosso compromisso com a construção de uma sociedade onde a mulher angolana tenha o reconhecimento e a dignidade que merece”, concluiu.
Advocacia pelos direitos da mulher vai muito além da representatividade
À margem do colóquio, a presidente da Assembleia Nacional sublinhou que a luta pela igualdade de direitos deve ser uma prioridade em todos os sectores da sociedade, desde a família até às igrejas e organizações da sociedade civil.
Carolina Cerqueira destacou a importância da cidadania activa e do associativismo como ferramentas essenciais para a defesa das mulheres mais vulneráveis. “A advocacia pelos direitos das mulheres deve ir além da representatividade, precisamos de qualidade, consciência e solidariedade”, ressaltou.
Durante o colóquio, promovido pelo Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MASFAMU), foram homenageadas mulheres que participaram do percurso da Luta de Libertação que culminou com a Independência Nacional em 1975.
Em declarações à imprensa, a antiga secretária-geral da Organização da Mulher Angolana (OMA), Luzia Inglês, partilhou a sua trajectória no processo de Luta Armada de Libertação, tendo recordado o papel das mulheres na consolidação da Independência e no fortalecimento da sociedade. “É um sentimento feliz, sinto-me honrada em nome de todas aquelas que sacrificaram as suas vidas por esta pátria”, afirmou.
Teresa Cohen dos Santos participou das comemorações em tributo à Irene Cohen, sua parente, homenageada a título póstumo pela sua contribuição na Luta Armada de Libertação.
Recordou que Irene Cohen saiu de Angola muito jovem, com apenas 23 anos, e sempre manteve o compromisso com a Independência. “Receber essa homenagem em nome dela é um momento de grande emoção para a família”, declarou comovida Teresa Cohen.
O evento reafirmou a importância da participação feminina na construção de uma Angola mais justa e equitativa, destacando o legado das mulheres que fizeram história e o compromisso das novas gerações em dar continuidade à luta. Foram, igualmente, homenageadas a presidente do PHA, Bela Malaquias, a vice-presidente da UNITA, Arlete Chimbinda, a deputada do Grupo Parlamentar da UNITA Miraldina Jamba, Elizabeth Franck, e a título póstumo Lucrécia Paim.