A lacuna existente em termos de acordos de cooperação, entre Angola e França, no domínio do desporto, deve merecer nos próximos tempos a atenção dos dois Estados, por forma a ser explorado o elevado nível de desenvolvimento dos franceses, no crescimento desejado para o sector, no país, sobretudo na área do treinamento e dos recintos desportivo.

Entrevistada pelo Jornal de Angola, a embaixadora em Paris, Guilhermina Prata, manifestou disponibilidade em interagir com as autoridades francesas, no sentido de se esbater o distanciamento, uma vez existir ambiente jurídico favorável à aproximação na componente da juventude e dos desportos.

As relações privilegiadas que ligam o Estado angolano ao francês sustentam a confiança da chefe da missão diplomática, dado o facto de existirem acordos de cooperação em vários domínios. A constatação da existência de tal vazio obriga a arregaçar mangas, com vista ao estabelecimento de relações nessa área específica.

“Podemos e temos o dever de fazer pontes, entre o nosso país e o governo francês, porque constatámos essa necessidade de cooperação específica, no domínio do desporto. Que eu saiba, não temos nenhum acordo. Portanto, podemos começar, a partir de agora, a fazer os contactos, no sentido de se ver a possibilidade de França e Angola estabelecerem, digamos, um acordo”, argumentou.

A localidade francesa de Chaumont, palco da última fase da preparação da equipa nacional sénior feminina de andebol, é apontada por Guilhermina Prata como exemplo de ponto de partida da cooperação: “Está aqui a 3h30 de Paris, tem excelentes infra-estruturas, e ofereceu-se a acolher as nossas Pérolas de África, na preparação de outros eventos”.

No plano do Direito, área na qual detém um vasto domínio, Guilhermina Prata identifica ambiente e condições para que seja proposta a celebração de um acordo no sector da Juventude e Desportos, porque quando da visita do ministro Rui Falcão a Paris, enfatizou, teve a ocasião de referir-se à questão.

“Agora com o que aconteceu há uns dias, por que não? Vamos apoiar. Começar a trabalhar, no sentido de mandar para Luanda o que sugerimos, com vista a poder-se concretizar a celebração de um acordo de cooperação, dado que temos vários no domínio do Ensino Superior, Agricultura, Cultura, Defesa. Inclusive há acordos que serão assinados com o Ministério do Interior. Portanto, há todo um ambiente jurídico propício e a altura também é adequada, dado que é algo que nos interessa, como país, para as futuras participações internacionais e mesmo nacionais”, concluiu.

Potencialidades do desporto francês

Com vasta experiência no dirigismo desportivo, pelos anos que presidiu à Federação Angolana de Andebol e o trabalho junto da Confederação Africana da modalidade, o chefe da missão aos Jogos Olímpicos, Pedro Godinho, aplaudiu a pretensão de assinatura de acordos, apoiado no seu conhecimento das potencialidades do desporto francês e por se tratar de um país com títulos de campeão do mundo em quase todas as modalidades, “principalmente no andebol, que melhor representa o nosso país além-fronteiras”.

Godinho destacou a vinda à capital francesa do titular da pasta, que privou diariamente, revelou, com a embaixadora. “Não tenho a mínima ideia dos acordos. Isso faz parte da diplomacia entre governos. Envolve o Ministério das Relações Exteriores e o próprio Ministério da Juventude e Desportos”.

 
Disposto a apoiar

Caso o Ministério da Juventude e Desportos e a Embaixada de Angola entendam envolver especialistas, “onde, modéstia à parte, me sinto um deles”, o dirigente coloca-se à disposição do Governo, para ajudar a identificar os pontos que mais interessam ao país.

“Às vezes alguns governantes rubricam acordos, em situações que não dão nenhum benefício à realidade do desporto no nosso país. Sugiro que nos chamem, para assessorar nas melhores escolhas. De modo a retirar um maior proveito desses acordos de cooperação, que vá ao encontro das necessidades do nosso desporto. Portanto, essa é a minha modesta opinião. Sempre que o país precisar, naturalmente alguns de nós estarão disponíveis a ajudar os nossos governantes, a melhor decidir”, rematou.

Partilhe Agora

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *